segunda-feira, 2 de junho de 2008

Vini e as piadas sem graça do destino

O humor negro é algo que me apetece de verdade. Piadas e comentários de gosto duvidoso, com pessoas ou acontecimentos que aos olhos da maioria não tem a menor graça, fazem parte do meu dia a dia. Super me divirto com pessoas que também são adeptas dele. O problema começa quando eu percebo que minha vida, destino ou qualquer outra entidade superior que me rege, também é apreciadora dessa arte, e resolve me fazer o personagem principal de suas piadinhas infames

Vamos aos fatos: Rafael me dá um pé na bunda e eu não consigo lidar muito bem com isso, o que nos levou, depois de diversos desejos sinceros de morte alheia e ofensas gritadas a plenos pulmões, a fazer um acordo de cavalheiros que consistia em nunca mais nos vermos nem pintado de ouro. Foi aí que as piadas começaram. Uma semana depois, tentando me recuperar do acontecido, marco com alguns amigos uma reuniãozinha para fazer aquelas coisas básicas depois de ter levado um fora: comer todas as guloseimas hiper-calóricas possíveis e praguejar recalcadamente sobre o ex. Para isso, passamos antes no Pão de Açúcar da Consolação para calibrar nosso estoque de doces e junkie food. O problema é que provavelmente o Rafa também teve essa idéia, e lá estávamos nós, no mesmo ambiente, quebrando o acordo que tínhamos civilizadamente firmado aos gritos. Graças a isso fui obrigado a comprar um pote extra de Nutella.

Passado um tempo, chega o tão esperado dia do show do Magic Numbers, e o fato de uma música da banda ter sido trilha sonora do nosso primeiro beijos não tem mais relevância nenhuma. Eu sabia que as chances de vê-lo por lá eram grandes. O que eu não esperava era, antes de começar o show, quando eu estava a caminho do banheiro, pisar no pé de um rapaz e, quando vou me desculpar, percebo que o rapaz em questão se tratava do melhor amigo do meu ex. E como não podia ser diferente, lá estava Rafael ao lado dele. Fiz o que qualquer pessoa normal faria no meu lugar: coloquei minhas mãos na cabeça e saí correndo e gritando desesperadamente. Mentira, eu continuei andando, cada vez mais rápido e com minhas pernas tremendo.

Um pensamento sempre me acompanha quando se trata de relacionamentos passados: o importante não é estar bem, e sim parecer bem para seu ex. O que não era o caso daquele final de tarde, após um dia inteiro debaixo de sol forte, andando muito, com roupas e tênis confortáveis e surradas, ou seja, um desastre. E quem eu encontro? Não, não foi meu ex ainda. Cruzo com um corpinho que encabeçava a lista de pessoas que eu queria consumir, o que diminuiu sensivelmente as chances da palavra "cruzar" ter um outro sentido mais biológico. Obviamente eu quis morrer, mas me confortei 15 minutos depois, quando me dei conta de que as coisas podiam ser piores. Avisto alguém com uma camiseta que me era familiar, com um jeito de andar que me era familiar, um rosto que me era familiar, uma fobia em me ver que me era familiar e um atual namorado que não me era nada familiar. E essa foi a última vez que nos vimos. Ele, por sorte (ou azar), conseguiu atravessar a rua sem ser atropelado, mesmo com o farol aberto e diversos carros passando, deixando bem claro o quanto ficou feliz ao me ver.

Comecei a escrever sobre esse assunto porque achei que as piadinhas já tinham se esgotado, ou que no mínimo aqui dentro de casa eu estaria seguro. Engano total: enquanto eu terminava de narrar esse meu drama, o shuffle do media player resolve tocar Magic Numbers. HA HA HA, piadista, hein?!