domingo, 10 de fevereiro de 2008

Vini e os terríveis hamsters carnívoros

Alguns anos atrás, meus pais, desiludidos com a falta de capacidade minha e do meu irmão em cuidarmos de cachorros, se negaram a nos dar mais um pequeno filhote de Fila. Nós queríamos e precisávamos muito de um novo bichinho de estimação, mas eles se recusavam a nos presentear com o que pedimos. Negociamos, negociamos, fomos diminuindo gradativamente, até que eles propuseram nos dar um pintcher. Não aceitamos, pois já tínhamos cinco. Continuamos as negociações por algumas horas e eles propuseram então um hamster. Pensamos, pensamos e concluímos que estava na hora de fechar o negocio e aceitar o que foi oferecido.

No dia seguinte, chego da escola e lá está a gaiola com dois hamsters lindos, fofos e doces. Brincamos o dia todo com eles, mas chegou a hora de dormir. Esquecemos a gaiola aberta e eles fugiram. O choro tomou conta da casa quando percebemos, mas o tempo pro drama estava esgotado e fomos para a escola novamente, e quando voltamos estava na gaiola aquela que, segundo o dono do pet shop, era a mãe dos hamsters que fugiram.

Ficamos felizes novamente, brincamos muito e dessa vez não esquecemos a gaiola aberta. Um tempo depois reparamos que nosso novo bichinho de estimação estava um pouco gordo, e a cada dia ela engordava mais, pensei comigo: "Sou um dono competente, e ela está engordando tanto porque é bem alimentada". Até que um dia fui trata-la e noto que ela estava bem mais magra. Olho então dentro da casinha, que a essa altura hospedava pelo menos uns 20 filhotes, seres pelados, vermelhos pequenos, um horror! Mas sabíamos que em breve eles cresceriam e teríamos mais 20 coisinhas fofas brincando em suas rodinhas e nos divertindo por horas. E foi isso, decidimos ficar com os 15 filhotinhos sobreviventes pra nós. Compramos uma gaiola maior, e deixamos os pequenos e adoráveis hamsters lá.

Mas o tempo foi passando, e aquelas figuras fofinhas e adoráveis não nos apeteciam mais como antes, e aos poucos fomos esquecendo deles,inclusive de alimenta-los. Eis que Tomate, o hamster, resolve morrer de fome, e os outros tomados pelo instinto de sobrevivência resolvem devorá-lo. A cena de Tomate parcialmente devorado mexeu profundamente comigo e gritei "they'll never be hungry again". Decidi que trataria deles todo dia e que eles teriam a gaiola de hamster mais limpa de todo o mundo. Mas já era tarde, aquelas criaturas fofinhas e adoráveis haviam se tornado seres terríveis e carnívoros, e não queriam mais saber de girassol nem de ração, e sim da minha mão que os alimentavam. Eles vinham vorazmente me atacar

Os Hamsters queriam carne, e como eu me recusava a incluir esse alimentos em sua dieta, eles mesmos providenciavam e toda semana apareciam pelo menos dois deles mortos na gaiola, o que gerava mais mordidas nas minhas mãos quando eu ia resgatar os corpos. E foi assim gradativamente, até restarem apenas 4, que certa noite foram atacados por um gato que deixou a gaiola vazia.

Foi ai que tive que dar razão pra minha mãe quando ela não quis nos dar um Fila. Já imaginaram se ele vira um animal carnívoro que ataca minha mão sempre que eu fosse tratá-lo? Provavelmente eu não estaria aqui digitando essas palavras hoje.

...

E foi dado o primeiro passo para o fim desse blog